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Biodiversidade

Os montados são sistemas de grande importância para uma enorme variedade de plantas e animais, aos quais providenciam áreas de reprodução, abrigo e alimentação. Esta biodiversidade é normalmente atribuída à gestão tradicional destas áreas, à estabilidade a longo prazo das condições do habitat, à sua extensão e também à grande variedade e complexidade das estruturas dos habitats que co-existem na matriz de montados.

 

Estas áreas são invulgarmente ricas em termos de espécies de plantas, havendo estudos que registam a presença de mais de 135 espécies por 0.1 ha de montado de sobro. São também muito importantes para várias espécies de insetos, como borboletas e escaravelhos; répteis, como o sardão (Lacerta lepida) e a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus); mamíferos, como javalis (Sus scrofa), gamos (Cervus elaphus), corços (Capreolus capreolus), texugos (Meles meles) e para as sensíveis populações de lince-ibérico (Lynx pardinus) (uma das espécies de felinos mais ameaçada em todo o mundo).

 

 

Os montados albergam cerca de uma centena de outras espécies de animais listados nos anexos da Directiva Aves e Habitats da União Europeia. De facto, estas áreas são o habitat mais rico para aves nidificantes na Península Ibérica e constituem importantes áreas de reprodução para aves ameaçadas de grande porte como é o caso da águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), do abutre-preto (Aegypius monachus) e da cegonha-negra (Ciconia nigra). Fora da época da reprodução, são um habitat chave para várias espécies de aves invernantes como o grou (Grus grus), o pombo-torcaz (Columba palumbus), e várias espécies de Passeriformes.

Na verdade, os Passeriformes são um grupo importante nos montados onde ocupam uma grande diversidade de nichos ecológicos aproveitando a complexidade deste sistema. Por exemplo, em zonas de habitat mais aberto (menor densidade de árvores e sub-coberto menos desenvolvido) dominam espécies que se alimentam no solo, como os tentilhões (Fringilla coelebs), as cotovias-das-árvores (Lullula arborea) e os trigueirões (Miliaria calandra). Já em zonas mais fechadas e com sub-coberto desenvolvido são mais abundantes espécies de toutinegras, como a tourinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), e as carriças (Troglodytes troglodytes). Com estas espécies coexistem outras que estão mais dependentes dos recursos providenciados pelas árvores. É o caso do chapim-azul (Parus caeruleus), do chapim-real (Parus major) e da felosionha (Phylloscopus collybita) que se alimentam sobretudo nas copas das árvores, e da trepadeira-azul (Sitta europaea) e trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) que se alimentam sobretudo procurando insectos e aranhas na casca das árvores.

 

 

 

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